sexta-feira, 18 de abril de 2008

Agricultura biológica a crescer na Madeira

O crescimento da AB é uma realidade «a nível mundial e a Madeira acompanha essa tendência», disse à Lusa o director de Serviços do Desenvolvimento da Agricultura Biológica.

Entre 2000 e 2007, segundo o levantamento realizado pela Secretaria Regional do Ambiente dos Recursos Naturais, a AB na Madeira cresceu de 22 para 240 hectares e o número de agricultores passou de 17 para 78 (359 por cento). Este crescimento significa que 5% da área de cultivo da Região está convertida à agricultura biológica. Pastagens, plantas aromáticas, pousio, frutos frescos e horticulturas são as áreas de culturas em produção biológica na Madeira cuja produção e produtos congregam já interesses de empresas do sector agro-alimentar e da comercialização e a procura por parte da indústria hoteleira. «Há hotéis em que alguns dos segmentos dos seus clientes exigem alimentação à base exclusivamente de produtos derivados da agricultura biológica».

A SARN destacou que a agricultura que «recorre muito à informação do passado, mas que aplica uma base científica actual», é muito mais exigente quer do ponto de vista ambiental, quer no da segurança alimentar. No entanto, «os custos de poluição na agricultura convencional fossem contabilizados, concluiríamos que a agricultura biológica seria muito mais barata». «Há terrenos de vinha no Estreito de Câmara de Lobos que não são revolvidos há oito anos devido à fertilidade que as técnicas da agricultura biológica possibilitaram e que excluem produtos químicos e sintéticos como os pesticidas».

As ajudas da UE, que poderão atingir os 65 % a fundo perdido no novo quadro comunitário de apoio, os apoios dos serviços técnicos e científicos da SRARN, as parcerias internacionais como as das regiões da Macaronésia (Madeira, Açores, Cabo Verde e Canárias), nomeadamente na criação de uma escola de agricultura biológica, e a proposta de decreto legislativo regional, já aprovada, que declara a Madeira zona livre de cultivo de variedades OGM e que incentiva a agricultura convencional e biológica são algumas das medidas potenciadoras do crescimento desta área da agronomia na Região. "A agricultura biológica faz parte da medida de barómetro de qualidade na Região o que significa um estímulo à produção e uma aposta no futuro", realçou o director regional da Agricultura, Bernardo Araújo, adiantando que os projectos de conversão têm crescido de ano para ano, tendo registado um crescimento médio nos últimos cinco anos de 30 por cento.

Fonte: Lusa

No Faial só biológico

O secretário açoriano da Agricultura admitiu ontem que a ilha do Faial poderá ser a primeira do arquipélago a possuir uma produção agro-pecuária totalmente biológica No final de um encontro com as associações agrícolas e com a Cooperativa de Lacticínios do Faial, Noé Rodrigues adiantou que vai ser realizado um estudo para determinar a viabilidade desta medida.

A intenção é criar novos produtos de valor acrescentado, com grande aceitação no mercado nacional, à base de produção biológica, incluindo os produtos lácteos, a carne e mesmo a floricultura. O governante salientou que as quantidades de adubos e químicos utilizados anualmente pelos produtores do Faial são relativamente baixas, quando comparadas com outras ilhas, o que indicia que a agro-pecuária já se realiza de uma forma muito próxima da biológica. Contudo, o processo de certificação da produção biológica é demorado e complexo e que poderá demorar, pelos menos, três anos. A implementação deste tipo de produção dependerá também da capacidade de produção da Cooperativa de Lacticínios do Faial e da aceitação dos agricultores locais.

Confrontado com esta ideia o presidente da Direcção da Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Faial manifestou-se optimista quanto à possibilidade de implementar uma produção biológica na ilha. No seu entender, “trata-se de uma ideia interessante”, que vai permitir “valorizar os produtos” da ilha e “recolher frutos mais tarde ou mais cedo”. A pequena dimensão da produção agrícola do Faial, poderá facilitar a implementação da produção biológica, bem como a sua fiscalização.

Fonte: Lusa

Opinião pessoal

Este é um grande passo na divulgação da AB, com a maior produção de produtos biológicos o preço destes irá baixar assim como a aceitação destes. Tudo isto permitirá que as pessoas tenham uma maior qualidade de vida e a Natureza será preservada.

Pressa nas rações GM

A Valouro tem uma filial dedicada à importação de matérias-primas (Oleocom) cujos responsáveis expressaram ontem as suas preocupações por dentro de alguns meses se verem impossibilitados de fornecer soja, proteína de origem vegetal da qual são deficitários. Segundo informou o grupo, produtor de rações e de animais, o país importa cerca de 80 por cento das matérias-primas para a preparação e fabrico dos produtos compostos para animais, com destaque para a soja. «Há o risco muito sério de a curto prazo (seis meses), com a introdução de quatro novas variedades de OGM de soja nos EUA, Brasil e Argentina, a Europa ter uma ruptura de fornecimentos. «Podemos de um momento para o outro haver uma ruptura de fornecimento de produtos de origem animal para a carne, leite e ovos».

De acordo com o administrador, a Europa vai aprovando os OGM de forma desfasada dos outros países produtores e «há aqui um interregno que cria sérias dificuldades». Esta discrepância «impede-nos de utilizar OGM de forma rápida porque enquanto não estão autorizados na Europa a tolerância à contaminação destas variedades é zero». «A Europa fica impossibilitada de fazer importações de soja da qual depende em larga escala. Dependemos da soja importada dos EUA, do Brasil e da Argentina onde não há garantia que não seja geneticamente modificada».

Ao aparecerem novas variedades de OGM na próxima campanha em países produtores, e não havendo a nível europeu uma «sincronização» nas autorizações com estes países, «devido à pesada máquina burocrática da UE e a forças como o Greenpeace que se opõem por princípio a qualquer OGM, leva a que haja estes desfazamentos», sublinhou. Para Chaveiro Soares está «mais que se provado que os OGM não têm qualquer inconveniente para a saúde dos consumidores».

O presidente da subcomissão de Agricultura disse que relativamente aos OGM existe um «paradoxo» considerando que é necessária uma clarificação por parte da Comissão Europeia (CE). «É proibida (na Europa) a adição de determinados OGM nos alimentos dos animais mas depois é autorizada a importação de carne de países onde esses mesmos OGM são introduzidos nesses alimentos, é um paradoxo que a UE tem que clarificar».

Fonte: Lusa

Opinião pessoal

Embora possam discordar da utilização de transgénicos o deputado tem toda a razão, a situação dos transgénicos na UE tem de ser clarificada pois estamos a consumi-los de um modo ou de outro e as leis para impedir que isto aconteça são pouco explícitas.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Estudo confirma que a Agricultura Biológica é melhor que a convencional


Os alimentos biológicos são melhores do que os alimentos não biológicos, segundo as principais conclusões de um estudo co-financiado pela União Europeia. O projecto conduzido pela Universidade de Newcastle, encontrou uma tendência geral segundo a qual os alimentos biológicos contêm mais antioxidantes e menos ácidos gordos do que produtos idênticos cultivados por processos convencionais.

Este estudo envolveu 33 instituições científicas, independentes, sendo até ao momento o maior estudo sobre alimentos provenientes da Agricultura Biológica (AB). As conclusões revelam que estes alimentos são mais nutritivos, do que os restantes, e podem contribuir para o aumento da esperança média de vida.

O projecto de quatro anos, com um orçamento de 12 mil libras, poderá terminar com os longos anos de debate sobre este tema e provavelmente derrubará a actual posição do governo inglês e da Agência Inglesa para os Padrões Alimentares (Food Standards Agency - FSA) segundo a qual os alimentos biológicos não são mais do que uma escolha de estilo de vida para os quais não existem evidências de vantagens nutritivas.

Os investigadores cultivaram frutos, vegetais e criaram gado com técnicas de AB e não biológica numa quinta próxima da Universidade de Newcastle, bem como em outros locais da Europa. Os resultados indicam que foram “encontrados níveis entre 50% e 80% mais elevados de antioxidantes no leite do gado proveniente de pastagens biológicas face aos alimentados em pastagens não biológicas. O trigo, os tomates, as batatas, o repolho, as cebolas e a alface mostraram níveis de nutrientes 20% a 40% superiores aos níveis de nutrientes presentes em alimentos não biológicos”. Os cientistas acreditam que este factor pode reduzir o risco de cancro e doenças do coração, duas das principais causas de morte entre os britânicos. Estes alimentos biológicos também tiveram níveis mais altos de minerais benéficos à saúde, como ferro e zinco.
O professor Carlo Leifert, coordenador do projecto, disse que as diferenças foram tão marcantes que a produção de alimentos biológicos ajudaria a aumentar a dose nutritiva dos indivíduos que não comem as cinco porções diárias de fruta e legumes. Segundo Leifert, o governo inglês enganou-se ao afirmar não haver nenhuma diferença entre produtos biológicos e não biológicos, “já existem bastantes evidências que indicam o elevado nível de vantagens dos alimentos biológicos”.

Mas o estudo, ainda a publicar, também mostrou variações significativas. Para Carlo Leifert o estudo mostra que "há mais compostos desejáveis nutritivamente e menos dos indesejáveis nos alimentos biológicos. A nossa pesquisa está agora a tentar descobrir de onde vem essa diferença entre os alimentos biológicos e os não biológicos. O que realmente nos interessa é descobrir o porquê de tanta variabilidade no que diz respeito às diferenças, o que leva a que o sistema agrícola permita um nível mais alto de conteúdos nutritivos desejáveis e menor para conteúdos indesejáveis”. Para este investigador “o que se espera é que estas conclusões do estudo ajudem os agricultores biológicos a melhorar a qualidade dos seus produtos”. Os resultados finais do projecto serão publicados durante os próximos 12 meses.

A FSA, actualmente afirma "os consumidores também podem decidir comprar alimentos biológicos porque acreditam que são mais seguro e mais nutritivos do que os outros alimentos, contudo, as evidência científicas actuais não apoiam esta visão". Mas a organização está a avaliar se os alimentos biológicos possuem maior conteúdo nutritivo e não-nutritivo, devendo ser publicado no próximo ano um relatório sobre este tema.